segunda-feira, 30 de maio de 2011

O Bébé e o Idoso

Se avaliássemos a vida como sendo apenas um fato que acontece exclusivamente no tempo e num espaço delimitado, admitiríamos que o bebê representaria o começo, o alfa, e o idoso, o fim, o ômega. Funestamente, este é o conceito de vida sustentado pela moderna sociedade. É o reflexo da filosofia pragmatista de William James, segundo a qual, só tem valor o que é prático e imediato. Esta filosofia é irmã gêmea do marxismo, do nazismo e de outros ismos que medraram nos começos do século vinte, todas materialistas e ateias que conspiraram para produzir os estragos que fazem da sociedade contemporânea uma caricatura, uma representação burlesca das pessoas e dos fatos. Tudo o que não desperta interesse imediato, simplesmente, não existe. Ora, o idoso não interessa, logo, não deve ser levado a sério nem tido em conta. Eis porque o tão celebrado progresso de uma avançadíssima tecnologia se limita tão somente ao âmbito da matéria. Espiritual e moralmente o homem não progride, antes regride. Dentro deste conceito, do concreto e do imediato, só existe a matéria. É assim que a sociedade vai elaborando seu comportamento diferenciado entre o bebê e o idoso.

Aos bebês trocam-se as fraldas, dá-se um banho morno e perfumado, aplica-se a pomada e o talco antialérgicos, tolera-se com paciência e naturalidade, seu choro, suas birras, enfim, é cercado de todos os cuidados e de todo o carinho. O bebê tem mãe, o idoso tem madrasta, e que madrasta!.... E porque isto? Porque, na concepção pragmatista, imediata, utilitarística da vida o bebê representa para os pais e para a sociedade, uma aurora, uma esperança de que ele poderá vir a ser algo de imediatamente útil. Com o idoso dá-se exatamente o contrário. Apesar de ser ele, pelo decréscimo do vigor de seu organismo que o assemelha ao bebê, nem de longe recebe os mesmos cuidados a ele dispensados, antes, é visto e tido como um ser inútil, incômodo, um estorvo. Porque, surge de novo a indagação? É porque o idosos não é tido como uma esperança, como uma promessa imediata de utilidade, como uma aurora e, sim, como um desmaiado ocaso. Ninguém enxerga nele uma obra realizada, um celeiro de experiências, uma semeadura que cai no solo fértil da eternidade para irromper numa vida definitiva. Se for verdade que o bebê é o começo da vida no tempo, não é menos verdade que o idoso é o início da vida para a eternidade. A vida é um episódio, no qual se decide uma plenitude definitiva. O idoso é a plenitude da vida no tempo. Não é, pois, justo que se estabeleça uma distinção entre o começo da vida e vida plena. Ambas têm o mesmo valor e merecem os mesmos cuidados.

A sociedade tem o vezo de medir a vida útil no tempo pelo número de anos que cada um tem. Nada de mais incoerente do que esta postura. Se este critério fosse válido, então o idoso teria muito mais vida do que o bebê, o que, epistemologicamente, repugna. O conceito de vida pode ser das mais variadas inspirações, como a fatalista, a utilitarística, a pragmatista, a altruísta, etc. No fundo, porém, todos se reduzem a duas categorias fundamentais: aquelas cujos horizontes se limitam ao tempo e ao espaço e as que se norteiam por valores transcendentais.

A verdade é que o jovem tem que se acostumar a ver hoje no idoso, aquele que ele será amanhã. Então, colherá o que plantou e será medido com a medida com que mediu. Entenderá quiçás, tarde demais, o quanto é perversa a filosofia do momentaneamente mais útil.

O bebê é o botão, o idoso, a flor da mesma realidade vital. Cumpre-nos cuidar de um e do outro com o mesmo zelo, com o mesmo senso de igualdade e de justiça. Cuidar do botão para que desabroche em flor e da flor para que não murche e se desmanche em pétalas. Que perdure, ao menos, o perfume de suas obras para diluir o mau hálito da ingratidão dos pragmatistas. Na verdade, o botão e a flor são uma e a mesma realidade vista sob o ângulo da vida. Logo, assim com festejamos a valorizamos o botão como sendo a esperança, a promessa, é dever nosso cultivar a flor como resposta ao sonho. Todo idoso deve ser amparado, assistido nas dores do parto da velhice do qual nasce uma juventude eterna. Assim, a morte tem que ser festejada como se festeja o nascimento porque, na realidade, ela não é o fim, mas o começo de uma nova vida, desta feita, definitiva. Ao idoso temos que trocar-lhe a fralda de seu corpo perecível para envolvê-lo com a túnica da juventude eterna do espírito. Vamos colocar em sua cabeça uma coroa de louros e faze-lo subir ao podium da vida como um vencedor, um realizador da esperança, da promessa que um dia ele foi, mas hoje se transforma em realidade. No dizer do livro dos Provérbios (16,31) a velhice é a coroa de uma vida vivida com dignidade nos caminhos da justiça. São Paulo comemora esta realidade desabafando-se com seu discípulo Timóteo (4.7) “Combati o bom combate, terminei a minha corrida, conservei a fé. Agora só me resta a coroa da justiça que o Senhor, Justo Juiz, me entregará naquele dia”. É isto o que interessa receber do Justo Juiz a coroa da justiça, coroa esta que é negada ao idoso pela injustiça dos cultuadores da matéria. Que fiquem por aí os pragmatistas à espera da coroa da injustiça que lhe será conferida pelas obras de uma vida vazia de sentido. Esta coroa será aquela pá de cal que, piedosa e solidariamente, irão lançar sobre seus restos mortais. Para eles será o fim de tudo. A sepultura do idoso, ao invés, será o berço onde depositarão um recém-nascido, filho não mais do homem temporal, mas do homem eterno.

José Cândido de Castro
Fonte: http://profcastroudia.vilabol.uol.com.br/paginas/bebe_idoso.htm

Natália Fonseca

1 comentário:

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