A longevidade tem sido uma conquista graças à evolução tecnológica. Contudo por mais que se avance em relação à tecnologia não podemos negar a evolução do nosso corpo, as rugas a pele mais opaca metaforizam o que vivemos. Por tal é necessário lidar dignamente com a vida.
Conhecendo histórias de vida como por exemplo a de Viktor Frankl, que poderia ter-se livrado do campo de concentração, pois tinha um salvo-conduto para sair do país no entanto por amor à família preferiu ficar, foi preso conjuntamente com os pais e mulher, enfrentou todo o sofrimento, porque acreditava que dali não ia sair vivo sozinho, ia reencontrar a mulher que tanto amava. Não duvidamos da dignidade dos seus atos. Não propomos que nos atiremos para os braços da morte, mas que façamos gestos humanos capazes de sustentar os nossos Eus. Propomos que vivamos com sentido e dignidade tal, que a morte não nos assuste.“Quando a circunstância é boa, devemos desfrutá-la; quando não é favorável devemos transformá-la e quando não pode ser transformada, devemos transformar a nós mesmos.” Viktor Frankl
A ansia de viver pode esconder um outro desespero humano, o vazio, a falta de sentido em relação ao que fazemos ou estamos fazendo da nossa vida. Se nos falta sentido e profundidade ao viver, precisamos de mais tempo, precisaremos sempre e cada vez mais de tempo para adiar talvez o confronto com o que fazemos de nós.
A satisfação em relação ao que fazemos da nossa vida é sinonimo de bem-estar. O que construímos, as nossas conquistas, a realização dos nossos projetos gera um grau de satisfação que nos faz amar o vivido, algo muito interno, só medido pelo olhar interior de cada um.
A satisfação de viver resulta da qualidade de vida que vivemos. Esta satisfação será capaz de nos libertar da ansia por uma longevidade sem tamanho. Qualquer vida vivida com intensidade, sentido e satisfação pode ter um bom tamanho. Falo de Gerotranscendência, que é a capacidade de mudarmos de atitudes, de meta, de perspectiva, de olhar sobre a vida, sobre nós e sobre os outros.
A Gerotranscendência pode tornar-nos mais fortes, aumentar o nosso ego, dar maior sustentação ao envelhecimento. Acolhendo a morte e não negando-a podemos amar mais a vida. É isso que temos em mãos a Vida. Ela é preciosa tem de ser dignificada tem de ser valorizada, bem vivida enquanto a temos. O tempo vivido com sentido pode ser o maior elogio que fazemos à VIDA.
Maria Antónia Calvo
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