As redes familiares são de uma importância fundamental no combate ao isolamento do indivíduo durante todo o seu ciclo de vida, assumindo um papel ainda mais relevante na última fase. À medida que vamos envelhecendo ficamos tendencialmente mais frágeis e vulneráveis. O sentimento de solidão está sobretudo ligado à falta de objectivos. Os objectivos são a base, não apenas para a satisfação de vida, mas para a manutenção do sentido para a vida.
Segundo Pais (2007) a solidão sente-se porque existe a necessidade do outro. A perda dos entes queridos, real ou por ruptura de relações, pode provocar não só sentimentos de solidão como perda de sentido para a vida.
Receber suporte familiar e social é considerado o melhor indicador de bem-estar global e qualidade de vida. Bem-estar e qualidade de vida são duas dimensões interdependentes, considerando-se que o conceito de qualidade de vida, para além de abranger o bem-estar pessoal, engloba também aspectos mais concretos e objectivos tais como os biomédicos, sociais e espirituais (saúde, condições ambientais e económicas, lazer, espiritualidade…).
As redes familiares são fundamentais para a qualidade de vida da pessoa idosa. Tomando como referência o meu contexto profissional (trabalho numa residência /centro de dia de idosos) constato que a saúde e as relações afectivas constituem os aspectos mais determinantes para a sua satisfação e para o seu bem-estar. Transcrevo alguns testemunhos de idosos que frequentam o centro de dia e também alguns residentes de lar que são bem elucidativos dessa importância:
“Se eu pudesse pedir um desejo…”
- Pedia saúde para mim, para filhos e netos e também para as minhas irmãs.
- Pedia bem-estar no mundo, confiar em Deus e ter os filhos com saúde.
- Pedia uma velhice feliz com os filhos ao pé de mim.
- Pedia para ter a companhia dos filhos.
- Pedia para viver muito tempo acompanhado e que o meu filho e a família se desse bem comigo.
“Para mim isolamento/solidão é…”
- Solidão é estar sozinho e não ter quem nos acuda mas quando os filhos estão em casa e não nos falam essa é a pior solidão
- Solidão é triste mas não sinto muito porque a minha filha fala comigo todos os dias e ela e as netas vem ao fim de semana. Sinto mais solidão à noite.
- É morrer à porta fechada e não ter quem nos ajude. É triste!
- É viver sozinho sem ter o carinho dos filhos. O que me vale é a televisão e os amigos.
- Sinto-me muito sozinho. Se não fosse a televisão morria de solidão… Sem a televisão há muito pensamento…
“No combate à solidão a família pode ajudar…”:
- O mais importante é conversar no dia-a-dia e socorrer quando estou doente.
- Telefonar no dia dos anos e noutras datas importantes…
- É importante quando a família dá um incentivo, um conforto.
- É importante quando a família se preocupa connosco.
- Passar para dar um beijinho. Sinto-me feliz quando o meu filho vem para me dar um beijinho…
Teresa Castanheira
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